29 de nov. de 2010

Gostei demais desse texto...

Hipocrisia, fardo pesado

 Escrito por Daniel P Correa

Mateus 11:28-30 Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. 
Poucas palavras são tao refrescantes para a nossa alma como as que se encontram no evangelho de Mateus, capitulo onze, versículos vinte oito até trinta. Jesus declara seu desejo de remover das nossas costas um fardo pesado e colocar um leve no lugar. Ele faz um convite para que todos os que estão cansados e oprimidos acheguem-se a ele para que sejam aliviados. Estas palavras são como uma fonte de água gelada no deserto quente. Alivio é tudo o que precisamos! Até aí tudo bem, tudo é muito bonito e maravilhoso, mas quem realmente bebe desta água? Quem toca nela de verdade? Quem está livre do fardo pesado? Quem pode dizer que sua alma já achou descanso? Convivendo já há cinco anos com cristãos, percebo que raros são os irmãos que desfrutam desta paz. A imensa maioria anda ansiosa, preocupada, cheia de medos e apreensões, irados, super sensíveis e amargurados. Uma palavra mal colocada e já se sentem ofendidos. A vida da igreja ao invés de curar as feridas emocionais, acaba por piorar a condição de muitas pessoas. Mas o que está errado? Será que as palavras de Jesus não funcionam? Onde está a prometida paz? Onde está o fardo leve? Onde está a alegria? Onde está o rosto formoso? Faço estas perguntas pelo simples fato de que também eu me sinto da mesma forma. Muitas vezes olhei para mim e vi quanta miséria, quantos julgamentos, quanta prepotência! Não faz muitos dias recebi em casa um amigo e quando me dei por conta já estava preocupado em querer levar versículos bíblicos aos seus ouvidos, enquanto que ele apenas estava preocupado em tomar um café e desfrutar da minha companhia, do aconchego da minha casa. Ele estava leve e eu pesado. Que contradição! Quando coloquei minha cabeça no travesseiro, me senti mal.  Afinal, tudo isto é necessário?

Provérbios 11:9 O hipócrita com a boca arruína o seu próximo; mas os justos são libertados pelo conhecimento.  
A raiz do problema está no fato de que o homem tem na sua natureza um desejo incontrolável de roubar a glória de Deus. Nosso semblante anda descaído porque ainda vivemos uma vida de antigo testamento, onde as pessoas trabalhavam para Deus cumprindo regras e leis. Achamos que Deus trabalha pelo sistema de recompensas, a qual o meu bom trabalho renderá benefícios para mim. Por outro lado, quando pecamos, achamos que seremos punidos. Se ao acordar pela manhã, cumprimos as regrinhas que ouvimos de que em primeiro lugar temos que meditar na bíblia e orar antes de fazer as outras coisas, nos sentimos em paz com Deus. Se aparecer um paralitico na nossa frente pedindo oração, não vacilamos em orar por ele para que seja curado. Mas se no dia seguinte o despertador não tocar, levando-nos a correr para o trabalho sem cumprir o ritual de meditar e orar, nossa consciência irá nos acusar o dia todo. Neste caso, se o paralitico tiver o azar de cruzar conosco neste dia “fatídico”, não conseguiremos sequer abrir a boca para orar de tanta culpa por não cumprir as ditas regras que povoam nosso imaginário espiritual. E assim vamos levando a nossa vida na igreja, carregados de culpas e amarguras, emocionalmente infantis, simplesmente porque não conhecemos realmente a Deus. Colocamos as nossas obras e realizações como base da nossa saúde espiritual, digamos assim. Se o vizinho vem nos visitar e o assunto da conversa é sobre a bíblia, quando ele vai embora, vibramos de alegria. Mas caso o vizinho venha nos visitar e o assunto é futebol, quando ele vai embora nos sentimos o último dos crentes. A acusação logo vem a mente: “porque não falou de Jesus?”. Na verdade, estamos pouco interessados no vizinho, não queremos que ele seja salvo ou que ele conheça Jesus, isso nem passa pela nossa cabeça. Na verdade pensamos apenas em nós mesmos, na satisfação de ter “falado de Jesus”, ou querendo apenas fugir da culpa que virá caso o assunto não seja de teor religioso. A outra pessoa é apenas um fantoche na nossa frente, sendo usado e mascado como chiclete, para depois o cuspirmos fora. Miserável homem que sou! O fardo pesado não vai embora simplesmente porque não amamos o próximo, mas em tudo que fizemos, o fazemos por amor a nós mesmos.
Eu juro que escutei uma voz dizendo: “hipócrita!”.