22 de mar. de 2011



AMOR   &   TEMPO

Houve um tempo em que numa ilha muito pequena, tida como um paraíso de tão linda, habitavam os sentimentos, como habitamos agora na Terra.
Nesta ilha viviam em harmonia o Amor, a Tristeza, a Sabedoria, a Vaidade, a Alegria, a Riqueza e todos os outros sentimentos.
Em um dia desses em que a natureza parece revoltar-se, o Amor acordou apavorado porque percebeu que a ilha estava sendo inundada. Mas rapidamente esqueceu-se do medo que sentia e foi cuidar de outros sentimentos em situações geográficas muito piores que a sua, afinal eles corriam sérios riscos.
O Amor ajudou vários sentimentos a se salvarem. Ajudou-os a pegarem seu próprio barco e fugirem para a parte mais alta da ilha. Lá de cima, livres do perigo da inundação, eles avistavam os demais sentimentos que estavam a caminho do topo da ilha. Só o Amor não se apressou. O Amor nunca se apressa. Ele queria ficar um pouquinho mais em sua ilha para salvar pequenas e significativas lembranças de cada detalhe.
Mas quando já estava quase se afogando o Amor lembrou-se que ele não podia morrer, teria que lutar. Então saiu correndo em direção aos barcos gritando socorro. Ainda poderia ter sido salvo por alguns deles, mas a Riqueza ouvindo seu grito tratou logo de responder que jamais poderia levá-lo, pois com todo o ouro e a prata que carregava era muito arriscado afundar seu barco.
Passou então a Vaidade que também disse que não poderia levá-lo, uma vez que ele, o Amor, se sujara por demais ajudando aos outros e ela odiava sujeira! Logo atrás da Vaidade vinha a Tristeza que estava tão arraigada em sua dor que negava a companhia de quem quer que fosse e mal se apercebeu do Amor.
Passou também a Alegria, mas esta tão alegre estava, que nem ouviu o pranto do Amor. Sem esperanças, o Amor sentou-se na última pedra que ainda se via sobre a superfície da água e começou a minguar.
Seu pranto triste chamou atenção de outros, mas ninguém nada fez. Então, um velhinho apareceu num barco. Aproximou-se e apanhou o Amor nos seus braços. Levou-o para a alta Montanha, para perto dos outros sentimentos.
Recuperando-se o Amor perguntou a Sabedoria quem era o velhinho que o ajudara.
 A Sabedoria respondeu que tinha sido o Tempo. 
O Amor questionou: Porque só o Tempo pode trazer-me até aqui? A Sabedoria então respondeu: Porque só o Tempo tem a capacidade de ajudar o Amor a chegar aos lugares mais difíceis e a compreender os sentimentos, só o Tempo!

..  Contudo, Paulo faz menção de um caminho sobremodo excelente, dizendo: “o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta e nunca falha” (1Co 13.7,8).
Crer, esperar, suportar, todas estas expressões estão ligadas ao tempo prolongado e não ao imediatismo que normalmente desejamos. O verbo crer tem um significado mais especial, porque associa o amor à fé, que é a certeza de coisas que se esperam (Hb 11.1).

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:4-7