1 de abr. de 2012





JACÓ RESTAURADO

Capítulos 32 e 33

Depois da despedida de seu tio Labão, Jacó seguiu outra vez para a terra da promessa e anjos de Deus saíram a encontrá-lo: a Bíblia não diz porque, nem o que lhe disseram. A palavra anjos, tanto no hebraico como no grego, significa mensageiros, neste caso provenientes de Deus: eram provavelmente criaturas sobrenaturais pois Jacó se impressionou tanto que achou que aquele era o acampamento de Deus, e chamou o lugar Maanaim (dois acampamentos). Um dos efeitos do encontro foi confirmar a Jacó que Deus estava com ele.

Dentro de alguns dias, Jacó iria se encontrar com seu irmão gêmeo Esaú, que habitava em Seir, uma região montanhosa ao sul do Mar Morto, ao sul do caminho por onde ele teria que passar antes de chegar ao seu destino. Na última fez que Jacó estivera com ele, seu irmão estava disposto a matá-lo logo que seu pai Isaque morresse - ele ainda estava vivo, mas Jacó talvez não o soubesse. Agindo com prudência, Jacó mandou mensageiros a Esaú, para avisar que estivera morando com seu tio, e agora estava voltando com seus animais, servos e servas (nada disse, ao que parece, sobre sua família). Ele esperava obter a boa vontade de Esaú.

A notícia que os mensageiros lhe deram, quando voltaram, o tornou apreensivo: Esaú havia partido ao seu encontro com quatrocentos homens. Jacó se preparou para o pior:

dividiu o seu povo e tudo o que tinha em duas partes: assim, se Esaú atacasse uma parte, a outra teria oportunidade de fugir. Orou ao SENHOR, Deus de Abraão e Isaque, expondo a situação e implorando que o livrasse das mãos do seu irmão Esaú, apoiando-se na promessa que Deus lhe havia feito anteriormente.

no dia seguinte, separou quatro lotes de animais e mandou-os, separadamente e distantes um do outro, como presentes a Esaú.

Naquela noite, seguiu viagem com sua família. Eles tinham que travessar o rio Jaboque (lutar), tributário do Jordão, desaguando nele uns 39 quilômetros ao norte do mar Morto. Isso fizeram através de um vau, ficando Jacó para trás até que toda a sua família e tudo o que lhe pertencia tivesse passado.

Antes de atravessar, teve que lutar contra um Homem: ele é chamado o Anjo (0séias 12:4), e Jacó 0 chama Deus - sem dúvida é outra aparição da segunda pessoa da Trindade, que mais tarde veio ao mundo: Jesus Cristo. Jacó perseverou nessa luta até ao romper do dia, e, mesmo ferido na articulação da coxa, Jacó não largou dele enquanto Ele não o abençoasse.

Em 0séias aprendemos que Jacó chorou, e lhe pediu mercê. Jacó não era fisicamente agressivo, mas tinha um caráter forte e resoluto. Ele estava disposto a obter a bênção de Deus para si, e usou todas as suas forças para esse fim, mesmo agarrando o Anjo de Deus, depois de ferido na coxa e não o largando enquanto isso não lhe fosse concedido.

Deus o recompensou mudando seu nome para Israel (príncipe que peleja com Deus). Ambos os nomes são usados para a nação que dele descendeu:

Jacó é o nome para a posteridade de Abraão, Isaque e Jacó;
Israel para o aspecto espiritual da nação, por exemplo "0 Senhor enviou uma palavra contra Jacó, e ela caiu em Israel" (Isaías 9:8): a palavra foi enviada para o povo todo, mas foi somente compreendida pelos que eram espirituais.

Segundo os profetas, Israel (não Jacó), será restaurado, convertido a Cristo, após a grande tribulação que virá, recebendo então sua maior exaltação e glória no mundo. Esta luta de Jacó é simbólica do relacionamento da nação com Deus (ver Romanos 1 1:26).

Jacó por sua vez perguntou ao Homem qual era o Seu nome, mas a resposta foi a pergunta Porque perguntas pelo meu nome? Um diálogo semelhante ocorreu entre Manoá e o Anjo do SENHOR (a mesma pessoa que o Homem), quando este acrescentou ... que é maravilhoso? (Juizes 13:18). Trata-se da mesma pessoa, e maravilhoso é a tradução de uma palavra hebraica cuja raiz significa ser grandioso, inefável (1 Coríntios 1:10, Efésios 1:21, Filipenses 2:9,10). 0 Homem o abençoou, provando outra vez que se tratava do SENHOR.

Jacó chamou aquele lugar Peniel (rosto de Deus), pois ele reconheceu que havia visto Deus face a face e sua vida foi salva.

Ao amanhecer, Jacó atravessou a vau, mancando: um sinal para lembrá-lo deste evento e ajudá-lo a não se orgulhar de si próprio. Seus descendentes também se recordavam disto evitando comer o nervo do quadril dos animais.

Logo depois, Jacó viu Esaú e seus quatrocentos homens à distância. Prudente como era, Jacó não quis correr riscos e usou de uma diplomacia e reverência que nos parecem exageradas: prostrar-se à terra sete vezes era um sinal amplamente conhecido de reverência, apropriado para um rei. Esaú reagiu de uma forma que Jacó talvez nem sequer sonhara, pois correu, abraçou e beijou seu irmão e ambos choraram de emoção.

Feitas as apresentações, Jacó insistiu ainda que Esaú ficasse com os presentes que lhe mandara, dizendo que Deus havia sido generoso para com ele, e que ele tinha fartura de tudo, surpreendendo Esaú com sua humildade e generosidade.

Esaú ofereceu acompanhar Jacó, mas este alegou que não queria dar este incômodo a ele ou a seus homens, e pediu que voltassem para sua terra enquanto ele seguiria devagar com todo o seu pessoal e seus rebanhos.

Jacó porém virou à direita em direção ao ocidente, continuando no caminho que o levaria à terra da promessa, ao invés de seguir para o sul atrás de Esaú.

Antes de atravessar o rio Jordão ele parou em Sucote (tendas), onde permaneceu por mais de dez anos. É um lugar muito bonito, e havia ali abundante pastagem para os animais. Ele não estava muito distante de Esaú, com quem havia feito as pazes.

Depois seguiu viagem até Siquém (ombro), uma cidade importante em Canaã, próxima à cidade atual de Nablus, e acampou junto à cidade, tendo comprado uma parte do campo para ali residir.

Era um vale estreito entre duas montanhas, Ebal e Gerizim, e ali Abraão havia também acampado e construído seu primeiro altar na terra de Canaã ao receber a promessa divina que essa terra seria dele (capítulo 12:6,7).

Jacó também levantou ali um altar dando-lhe um nome que se traduz "o Poderoso Deus é o Deus de Israel". Era o vínculo entre Deus e ele próprio.
Por: R David Jones